Sunday, January 29, 2006

Perfume que de veludo...

É ali e apenas ali, no espaço cru e carcomido, que o me encontro.

Escuto-o de soslaio, espreito-o, encosto-me de cotovelo àquela nuvem enrolada em doces aromas e deixo-me cair, redondo…na vida que não o é.

Caio-me e dele sou tomado como banho em deserto de pólen. Oh trompeta da harmonia serenata! Até que a cúmplice lua se ponha, pois o senhor chegou e o banquete está na mesa…

São flores, pardais, brados e sóis que Ela endossou, conquanto só ele atordoa atoardamente.

Só ele sela olhos, alma e coração frágil com o rendilhado carimbo do ser em si, de viver la dolce…

Olho-me e não vejo mais que a ele, bravo conquistador do eu, do ser, do todo que envolve o universo das riscas.

Avanço e as narinas abrem e cerram paulatinamente consoante ele me vai tomando, se abeira de mim e me abarca todo, me não deixa segundo pra suspiro.

Ahhhh! Quem me dera que fosse… mais uma estrela que ponteada no céu, um folhetim que atirado ao correio, uma cana que lançada ao infinito azul, um pontapé na calçada…

Mas não

Aquilo que aqui é é singelo, singular, único como o trevo das quatro, e cada vez que te penso é ele que vem, nu, branco e portador do estandarte maior…


Apanhaste-me no vácuo, doce perfume de veludo! Foste tu que me asseguraste que sim, que ela vinha, em pontas de lã e em círculos, a magnifica bailarina da caixa de música!

1 comment:

T. said...

"doce perfume de veludo"...adorei!