Acoplado na cadeira branca de plástico, com os braços semi-afundados na mesa também branca e também de plástico tento ignorar aquilo que o meu cérebro grita, aquilo que ele lança em vão no vácuo e ressoa por todo o poro que sou.
Inútil ignorar os laivos de dor que me tomam a todo o indicativo.
Sou mais um que padece da dor.
Sou mais um trevo de três folhas à deriva na baía, contudo esta dói-me a mim mais do que a qualquer ser que caminhe a duas patas.
Na lama.
Nu.
A patinar por entre a merda com que me enterrei.
Escorregando nos dedos pena, caneta ou lapiseira foram mais que muitos os que foram desenhando palavras nas folhas pautadas só para drenar o que parecia fonte non-finita de dor. Porque é que não? Porque é que em vez de um verde carregado de sim, o sinaleiro levanta com uma expressão de gozo e cinismo simplesmente aterrador, um laranja com sabor a não?!
E fico-me embicado com os olhos enormes rolando no teclado imenso perdido naquele sim-não binário, naquele vida-morte que me separa e reparte…
E chego os trépidos dedos ao cálice enrugado como um derradeiro espasmo de amor…
1 comment:
"Sou mais um trevo de três folhas à deriva na baía, contudo esta dói-me a mim mais do que a qualquer ser que caminhe a duas patas."
amei...
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