Friday, March 24, 2006

Sim, posso furar o mundo pra te ver Surgir perante mim...

Podia explicar o interregno de saltem palavras com um punho de palavras rugosas e amargas, de sentimentos enlameados de dor e escuridão. Mas limito-me a botar o olhar nas ”luzinhas”(que grande admiração lhes nutro!) que furam o petro-breu lá em baixo na rua. Por entre o gelo e intemperança do vadio definem-se sós, ali plantadas por um senhor de colete cujo nome Surgia rabiscado no cartão de identificação mas que não conseguiam decifrar. E volto-me a ver. Ao teu lado. Desembaraçado de pensamentos, desembaraçado de apreensões, desembaraçado desta vida cruel. E Porquê? Porque te tinha de porcelana fina nos meus seios quentes. Abraçados.

Assim que levo à boca a chávena em lume ou numa rispidez dum agora piso a flor que vence a calçada, Surges a mim. De pálpebras bem abertas a um segundo de seres comigo-tu, choco com a realidade e o que os meus olhos descobrem no céu vazio é o imenso vácuo em que me deixaste. No Nada. Atolado.

Pego com raiva no comando e duma novelesca “repleta de emoções fortes” surge um velho de orelhas grandes à medida da sua experiência que afirma que é coisa que só acontece uma vez na “vidinha”. E embora em cima não queira acreditar nesta verdade de ficção, lá em baixo Surge uma voz confiante que sussurra que sim, que é extraordinariamente especial, singular, uno que aquilo que sinto é o expoente máximo do amor, Romeu e Inês que me perdoem mas este sentimento extravasa a história do sempre, do nunca, do ser em virtude de ti dolce princesa. Aquele olhar de moço já foi… agora nem olho porque os meus olhos solo em ti se fundam, em ti semeiam raízes de amor! É um amor só de uma vez…
No Sempre. Acredito.

O meu cardíaco de encamado sem tempo nem dor, aumenta, acrescenta, atinge um galopar imenso e fundo. És tu. Sim és tu! Não entendo porque perguntas se és tu quando Surges para mim doce e donzela e o meu coração parece querer rebentar, a minha boca saltitar até à tua e lá acampar…dias, noites. Amar. Sem parar. E num riscar quase não a consigo enganar…


Depois destas palavras (diagnóstico claro dum ser humano com a doença do amor) ainda procuro os teus olhos de ser magnífico nos reflexos, na multidão, por entre os molhos de singularidade, porque sim posso furar o mundo pra te ver Surgir perante mim…
Dolce Princesa.

Sunday, March 05, 2006

Espasmo..



Acoplado na cadeira branca de plástico, com os braços semi-afundados na mesa também branca e também de plástico tento ignorar aquilo que o meu cérebro grita, aquilo que ele lança em vão no vácuo e ressoa por todo o poro que sou.
Inútil ignorar os laivos de dor que me tomam a todo o indicativo.
Sou mais um que padece da dor.
Sou mais um trevo de três folhas à deriva na baía, contudo esta dói-me a mim mais do que a qualquer ser que caminhe a duas patas.
Na lama.
Nu.
A patinar por entre a merda com que me enterrei.

Escorregando nos dedos pena, caneta ou lapiseira foram mais que muitos os que foram desenhando palavras nas folhas pautadas só para drenar o que parecia fonte non-finita de dor. Porque é que não? Porque é que em vez de um verde carregado de sim, o sinaleiro levanta com uma expressão de gozo e cinismo simplesmente aterrador, um laranja com sabor a não?!
E fico-me embicado com os olhos enormes rolando no teclado imenso perdido naquele sim-não binário, naquele vida-morte que me separa e reparte…

E chego os trépidos dedos ao cálice enrugado como um derradeiro espasmo de amor…